segunda-feira, 26 de maio de 2008

.

Problemática de uma Vênus Natal
.
Meu posicionamento não é dos mais agradáveis, ainda que outras Vênus ficassem felizes por estar na sétima casa, sentia-me dupla, confusa em meus desejos, tirava e colocava o cinturão, sem saber donde vinha a estranheza. Logo identifiquei os Dióscuros... Estava em gêmeos, e como Castor e Pólux, vivia como deusa e mortal. As progressões e revoluções foram se passando, e sobre meus pés um peso enorme crescia. Tentando descobrir o que estava acontecendo procurei meu amigo Sol... Alguns graus acima... Lá estava ele, resplandecente em sua própria constelação, um tanto indeciso se ficava na oitava casa ou se seguia para a nona.

Chamei-o:

- Querido Apolo, podes conceder-me um raio de tua luz?
- Bela Afrodite! O que fazes aí embaixo?
- Nasci aqui na sétima casa, com os Dióscuros!!! Ainda que duplamente ar, sinto-me atada... Não consigo ver o que me aprisiona dessa maneira!

Apolo riu-se de minha ingenuidade, e um pouco sem graça concedeu-me um tanto de sua luz...
Não conseguia acreditar no que estava vendo...
Saturno... Saturno com seus anéis me retia!

- Cronos, o que fazes aqui?
- Nasci alguns graus antes de ti, Afrodite, e temos uma vida para caminhar juntos...

Aquelas palavras me soaram ameaçadoras e entendi porque Apolo ria-se tanto... Não poderia, com a presença de Cronos, usar meu cinturão em vão... Tudo estava terrivelmente explicado.

Assentei-me sobre os calcanhares e fiquei a ouvir o que Cronos tinha a dizer... Foram inúmeros graus, revoluções e progressões de conversas e aprendizagens sobre carma nos relacionamentos e solidão, mas também sobre autonomia e independência, ainda que tudo venha tardiamente... Tive que aprender a ser mais deusa quando tudo que desejava era ser apenas humana e mais humana quando deveria ser apenas deusa.

Júpiter a 180º ri de minha desgraça, ainda que sua sorte não seja das melhores, pois Plutão vigia-lhe os passos em 90º.

Mal posso sentir as asas de meu querido Mercúrio, que timidamente toca-me em 60º.

Tenho como aliado apenas Urano, que no alto de sua décima primeira casa, rompe como um raio os anéis de Saturno, e mesmo que sejam segundos de graus, consigo usar meu cinturão e me perder entre as constelações...

Tão logo o choque da modernidade passe, Saturno, ainda que modificado, recomeça seus ensinamentos... E lá vou eu, consertando os maus graus que andei...

De revolução em revolução vou logrando um grau aqui e outro ali, mas Saturno vem logo atrás, não entende que minha natureza é das Bacantes e insiste em me tornar uma Hera... Ele sempre teve dificuldades em aceitar as situações...

Como no Cosmos nada é eterno... Fui espionar os posicionamentos futuros e a nova Revolução traz presságios felizes...

Da sétima casa passarei para primeira e trocarei os Dióscuros por Leão... Quanta felicidade!!!

Para expansão de meu domínio o “querido” Saturno estará muitos graus e uma constelação à frente... Terei por companheiro Apolo, que vem iluminando meu caminhar e trazendo em sua lira o amado Mercúrio!

Essa Revolução promete! Ô Sorte!!!!




.

Um comentário:

Suzana disse...

Esse texto é fantástico! Dá para ver a configuração astrológica e sentir a afliação da pobre vênus conjunta com Saturno. Lindo. Perfeito.

Amei, e quero mais, muito mais desses, faz favor!?

;)